Mauss, segundo suas alunas – Carmen Rial e Miriam Grossi

Mauss, segundo suas alunas (2002)

Direção: Carmem Silvia Rial e Miriam Grossi

Categoria: Documentário

Idioma: Francês, Português/Legendas: Português

Duração: 45min

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Sinopse:

Biografia das ideias e ensinamentos de Marcel Mauss, considerado o fundador da Antropologia que viveu e escreveu na primeira metade do século XX, na França. Sua obra é discutida através do depoimento de três alunas, realizados em Paris entre 1997 e 1999. Denise Paulme faleceu 4 meses depois da entrevista, Germaine Diertelen, faleceu 9 meses depois e Germaine Tillion, com 95 anos em 2002, ainda trabalha. As três integraram a primeira geração de antropólogos franceses, formada nos anos 30.

Sobre o documentário, Carmen Rial (2014) afirma:

“Quando terminamos de editar ‘As alunas de Marcel Mauss’ (RIAL e GROSSI, 2011) quisemos restituir o filme e obter o aval das entrevistadas antes de exibi-lo. Apenas uma das três protagonistas do filme, Germaine Tillion, ainda estava viva, e passando o verão na sua agradável morada no interior da Bretanha, em Plouhinec – que abriu suas portas a visitantes, em setembro de 2014, por iniciativa da Associação Germaine Tillion. Para que ela pudesse ver o filme, teríamos que ir até lá ou esperar mais um ano, até que retornássemos à França. Fomos, então, à Bretanha, alugando um carro na estação de trem, pois não havia transporte público até sua casa. Com a generosidade de sempre, ela ofereceu nos hospedar, mas o filme não lhe parecia interessar muito. Entendi o por quê mais tarde, numa conversa em que Miriam disse tê-la ouvido em um programa de rádio com Jacques Derrida e Hélène de Cixous, e Tillion respondeu: ‘ah, de fato, os dois vieram tomar um chá e conversar comigo numa tarde, foi muito agradável’. Para ela, o encontro foi com eles, o programa de rádio, ela nem se lembrava que tinha sido realizado…

De qualquer modo, conseguimos saber com antecedência que, sim, ela tinha uma televisão na casa da Bretanha, mas não um aparelho de VHS. Pas de problème, pensei, levaremos um aparelho de VHS. Fizemos uma estratégica parada em Auray, a cidadezinha mais próxima, e depois de algumas indagações, localizamos a loja que vendia e alugava aparelhos de VHS. Para evitar problemas de conexão, tomei o cuidado de alugar diferentes cabos, todos os disponíveis, de modo a garantir que um deles se ajustasse ao aparelho de TV de Tillion. Ficamos de devolver na segunda-feira, já que era um sábado. E desembarcamos na casa da nossa “informante”, com o aparelho de VHS, todos os cabos possíveis por precaução e o filme sob o braço, para realizar o que considerávamos nossa obrigação ética: conseguir sua aprovação antes de divulgarmos o resultado na pesquisa. Como era de esperar pelas conversas anteriores, ela não parecia muito interessada em ver o filme – ao contrário de Denise Paulme, por exemplo, que, em uma das visitas, pediu à Miriam a cópia de uma entrevista que tinha dado à radio France Culture – pois a emissora demandava 100 euros (sic) para a sua disponibilização. Quando, finalmente ao final da tarde, conseguimos convencê-la a assistir o filme, e retirei aparelhos e cabos da sacola… surpresa e decepção. A televisão era de um modelo tão antigo, que não possuía entrada adequada, tinha sido fabricada antes da invenção dos aparelhos de VHS!”

Para mais: RIAL, Carmen Silvia de Moraes. Roubar a alma: ou as dificuldades da restituição. Tessituras, Pelotas, v. 2, n. 2, p. 201-212, jul./dez. 2014.